Entre as organizações policiais militares brasileiras, certamente a Brigada Militar do Rio Grande do Sul é uma das que possui uma tradição militarista mais arraigada – provavelmente por causa de elementos históricos presentes na cultura da corporação. Deste modo, chama a atenção a mobilização que está em vigor na corporação, onde policiais militares da Brigada estão realizando protestos em favor de um reajuste salarial para a categoria.
Diferentemente do que vem fazendo outras polícias brasileiras (o que, por si só, já demonstra uma peculiaridade brigadiana), as manifestações da BMRS não possuem autoria definida, nem está deflagrado qualquer movimento do tipo “polícia legal” ou “tolerância zero”. A prática mais constante é a queima de pneus e a exposição de faixas nas proximidades, ameaçando uma possível paralização da categoria: “Bem-vindo a Porto Alegre, a capital onde os policiais militares ganham o pior salário do Brasil. A Brigada vai parar!” , dizem os cartazes.
O Governo do Estado, liderado pelo governador Tarso Genro (PT-RS), resolveu adiar as negociações com as associações de classe até que os protestos fossem encerrados:
Mais sete protestos com queima de pneus foram registrados nesta sexta-feira no Estado. As manifestações acontecem um dia após o anúncio do governo do Estado de que adiaria as negociações salariais com os representantes da Brigada Militar até o fim das barricadas. Diante da decisão da Casa Civil, o comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, intercedeu pela categoria e solicitou que a negociação seja mantida.
Vamos acompanhar as reivindicações dos brigadianos e torcer pelo sucesso do movimento. O Governador Tarso Genro, que possui uma história de confiabilidade na política brasileira – Ministro da Justiça criador da Bolas Formação, que apesar das inconsistências, demonstrou uma preocupação com os policiais brasileiros – precisa se sensibilizar com o efetivo da Brigada Militar, que está entre as três polícias piores pagas no país.